CIBERAMEAÇAS RELACIONADAS COMO COMPORTAMENTO INDIVIDUAL
No Relatório Cibersegurança em Portugal - Riscos & Confli-(CNCS, 2020a) destacaram-se como ciberameaças particularmente relevantes para o ciberespaço de interesse nacional (as de primeiro nível) o phishing e o software malicioso. Tendo em conta esse diagnóstico, que se reproduz noutras fontes a nível internacional (ENISA, 2020), é possível selecionar alguns indicadores sobre comportamento individual que se relacionam muito diretamente com estas ciberameaças, embora, na realidade, todos os indicadores contribuam para compreender a resiliência humana neste domínio.
Observando alguns indicadores específicos do Eurobarómetro 499, verificam-se referências relevantes ao phishinge ao software malicioso. Atenda-se, nomeadamente, aos seguintes indicadores: 4, relativo às preocupações com certos cibercrimes; 7, em relação ao que fariam os indivíduos no caso de serem vítimas de algumas ciberameaças; 8, sobre as alterações de comportamento fruto da preocupação com a Internet; e 11, referente ao que os indivíduos realmente fizeram quando foram vítimas de certas ciberameaças. Quadro de indicadores diretamente relacionados com as ciberameaças de primeiro nível
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Indicador 4 Preocupação com... |
Indicador 7 Fariam alguma coisa caso fossem vítimas de... |
Indicador 8 Não abrem emails desconhecidos... e instalaram antivírus... |
Indicador 11 Fizeram alguma coisa quando foram vítimas de... |
Phishing |
65% em PT (+ 2 ppdo que 2018); 59%na média da UE. |
72% em PT (+ 16 do que 2018); 67% na média da EU. |
43% em PT (-1 ppdo que 2018); 42%na média da UE. |
61% em PT (+ 9 ppdo que 2018); 43%na média da U E |
Software malicioso |
76% em PT (+1 ppdo que 2018); 66%na média da UE. |
71% em PT (-1 pp do que 2018); 70%na média da UE. |
35% em PT (-9 ppdo que 2018); 42%na média da UE. |
65% em PT (-18 ppdo que 2018); 52%na média da UE. |
Quadro 2
Considerando o quadro 2, verifica-se que, em relação ao
phishing, em geral, os indicadores, exceto o 8, apresentam valores acima dos 50%, bem como da média da UE, e a tendência é de melhoria. O indicador mais negativo é, portanto, o 8, que diz respeito aos cuidados a ter antes de o
incidente ocorrer, nomeadamente não abrir emails de pessoas desconhecidas.
No que diz respeito ao
software malicioso, o indicador 8, referente à instalação de
software antivírus, continua a ser o mais negativo, com um valor abaixo dos 50%, com tendência negativa e com resultado inferior à média da UE. Quanto aos outros indicadores, os resultados são em geral positivos, excetuando algumas tendências decrescentes. De referir que existem mais ações que podem prevenir o
software malicioso, como, entre outras, não abrir emails de origem desconhecida, visto muitas vezes o
phishing trazer
software malicioso.
Os dados do indicador 8 sobre as duas ciberameaças, um indicador da prática e da prevenção, mostram a importância de, nas ações de educação e sensibilização, se insistir nas boas práticas em termos de prudência, independentemente da consciência e capacidade de reação de que os indivíduos possam dispor (acresce que o quadro sintético mostra que as atitudes também são insuficientes em termos globais).